Repara que gente cri-cri geralmente está acompanhada de um tom de voz ligeiramente alto, um ar soberbo de quem escreveu um best seller e um olhar analítico, como de quem busca reparar em tudo, só pra ter o gosto de criticar. Essa é a diferença entre o crítico e o cri-cri.
Crítica é bacana, faz bem, seja ela positiva ou negativa – quando fundamentada -, faz o sujeito melhorar e aparar algumas arestas. Agora, gente cri-cri não gosta de crítica. Ah não! Gente cri-cri gosta de criticar, geralmente de forma ofensiva ou depreciativa. Porque, ora meus amigos, não basta falar sobre a sua vida, tem que também tentar te desmoralizar.
Gente cri-cri é aquela que lembra de história que ninguém lembra, que geralmente – e quase sempre, sequer existiu. Gente cri-cri é aquela que não se importa com o que você acha, mas se em algum momento o que você acha for diferente do que ela achar, aí sim ela resolve se importar, te entupindo de asneiras pra te convencer. Gente cri-cri nunca é normal. Nunca come coisas normais, toma remédios normais ou tem doenças normais. Gente cri-cri não gosta de Coca-Cola, mas defende com unhas-e-dentes aquele prato que só ela come, dizendo que a sociedade toda é que está equivocada, já que seu prato vem importado direto de um vilarejo europeu que só ela conhece – e diz que visita anualmente. Gente cri-cri é viajada, entendedora e não se contenta em ficar gripada. Tem logo uma pneumonia arrebatadora que lhe tira dos eixos e lhe faz explicar porque aquela receita/simpatia do tio da prima da sua avó é eficaz.
Eu gosto mesmo é de gente normal. Não essa gentinha pacata e sem expressão que vagueia e habita a terra, mas essa gente normal que não desperdiça uma boa pizza quando aparece. Que adora um refrigerante bem gelado num dia de calor e que não dispensa aquele sorvetinho de chocolate. Gente normal não quer saber porque você não tem dinheiro, e sim, se você precisa de algum.
Gente normal é suave, leve, doce e deixa o ambiente sossegado e animado. Já gente cri-cri... ah! Gente cri-cri é chata pra cacete!
